quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Resenha: Ensaio sobre a Cegueira

Leitoras e leitores queridos! Hoje trago uma resenha de um livro um tanto chocante. De José Saramago, "Ensaio sobre a cegueira"  é, mais que uma ficção científica, um convite à reflexão. Uma amiga me emprestou há um tempo atrás, e eu já estava querendo resenhá-lo desde que o li. Agora chegou o momento! Então, lá vamos nós!

Ensaio sobre a Cegueira - José Saramago



Tudo começa em um sinal de trânsito. Um homem, à caminho do trabalho, espera pacientemente o sinal ficar verde. Sua espera é interrompida por uma nuvem branca que cobre toda a sua visão. Este é o primeiro cego.
Mais tarde, a Mulher do Primeiro Cego se contamina com sua doença; uma Rapariga - de óculos escuros -, enquanto fazia um programa com um de seus clientes, se vê "dentro de um pote de leite". Um Médico, um Farmacêutico, uma Criança, um Ladrão, um Velho... Pouco a pouco, a "cegueira branca" vai se espalhando pelo mundo, de casa em casa, como um vírus sem controle e sem nenhuma explicação, atingindo pessoas jovens e velhas, brancas e negras, pobres e ricas. A única isenta de tal sofrimento é a Mulher do Médico.
Diante de uma epidemia sem controle, o governo resolve colocar em quarentena todas as pessoas que ficaram cegas, sob condições sub-humanas. Uma vez lá dentro, não há nada a fazer a não ser tentar sobreviver. Para isso, o Primeiro Cego, a Mulher do Primeiro Cego, o Médico, a Mulher do Médico, a Criança, o Velho e a Rapariga se unem e tentam sobreviver em um lugar onde pessoas mais se parecem com animais.

Ali, o ser humano se rebaixa ao nível de um animal irracional. Fazem suas necessidades em qualquer lugar, matam sem saber exatamente o motivo, estupram mulheres apenas pelo prazer de comandar alguém ou alguma coisa, comem a carne de seus amigos mortos...
Enquanto isso, do lado de fora cada vez mais pessoas vão ficando cegas. Os governadores, os presidentes, os mendigos, os religiosos...

Quando, em um incêndio, os cegos se veem livres daquela prisão, descobrem que todo o mundo - isso mesmo, o mundo todo! - está cego. Não há mais quem enxergue nada, há não ser o "mar de leite". Apenas os animais e a Mulher do Médico foram poupados de tal sofrimento. E agora, o desafio é sobreviver do lado de fora da quarentena.

Aquela que pode ver descreve uma cena aterradora: corpos em estágio avançado de putrefação espalhados pela cidade, em meio a fezes, urina, ratos, lixo e pessoas vivas. A luta agora não é por um emprego, por dinheiro ou por sucesso, e sim por comida. Não existe meio de transporte, telecomunicação ou qualquer coisa do tipo. As casas agora não são de ninguém, e sim de quem invadir primeiro. É o degrau mais baixo que um ser humano pode chegar.

Saramago, com essa obra, nos faz refletir sobre nós mesmos. Através de uma cegueira física, ele ilustra a cegueira da nossa própria alma. Os nossos corações estão como aquelas cidades e estamos nos transformando, cada vez mais rápido, em animais. E, note: a única pessoa que não foi atingida foi a Mulher, porque ela tinha um bom coração e estava destinado à ela o papel de cuidar dos outros cegos e de mudar o mundo! Será quem essas pessoas existem em nosso meio?

Depois de aprenderem a lição, de perderem seus entes queridos, sua dignidade e seus hábitos humanos, os sobreviventes voltam a ver. Um a um, à começar pelo primeiro cego, vão recuperando a visão. Agora, terão de reconstruir aquilo que foi perdido, com a esperança de levarem para as próximas gerações as lições que a "cegueira branca" se encarregou de ensinar.

Opinião: Simplesmente magnífico! Uma obra digna dos maiores prêmios literários! José Saramago faz desse livro uma metáfora para a reflexão da humanidade. É fantástico acompanhar a saga desses amigos que sobreviveram ao maior caos da história do planeta. A leitura é um pouco - não, é muito - difícil, por estar escrito no português de Portugal. Os diálogos são separados apenas por vírgulas e pontos finais. Muitas vezes, me perdi na leitura. Mas valeu a pena, enriqueceu meu vocabulário, meu intelecto e, acima de tudo, me fez refletir sobre as minhas atitudes como pessoa. Recomendo à TODAS as pessoas. Na verdade, se eu pudesse, eu dava um exemplar de presente pra todas as pessoas desse mundo! (Risos).


Frases: 

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."

"O medo cega... são palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos."

"A cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança."

"Mas quando a aflição aperta, quando o corpo se nos desmanda de dor e angústia, então é que se vê o animalzinho que somos."

"Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem."

Curiosidades: 

Como todo bom livro, esse também deu origem à um roteiro cinematográfico, cujo diretor foi um brasileiro: Fernando Meirelles. Mas, infelizmente, ele não conseguiu retratar a verdade que o livro expressa...


Os personagens dessa obra não têm nomes, apenas alguma característica que os identifica. Com isso, Saramago deixou de rotular as pessoas para que nós pudéssemos nos identificar com elas. Não eram apenas personagens de uma história, éramos nós...



Por hoje, é só. Espero que tenham gostado! Não esqueçam de curtir, por favor, a Fanpage do blog ali no cantinho direito da tela!

Até a próxima, pessoal!!




3 comentários:

Karina Pink disse...

postagem legal

Unknown disse...

Adorei ! muito boa sua resenha, senti como se tivesse lido o livro !

TMCM disse...

Muito boa a resenha. Parabéns

 
;